Sou mãe de duas filhas lindas, artista/pesquisadora, arte/educadora, ceramista, que se equilibra na corda bamba da vida, entre tantas funções e multitarefas diárias. Sou servidora da Fundação Municipal da Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte/PBH e atualmente estou como arte/educadora no Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional Lago do Nado. Apesar da minha formação acadêmica e conhecimento adquirido sobre cerâmica na faculdade (Mestrado em Artes Visuais/2024, Bacharelado em Escultura/2017 e Licenciatura em Desenho e Plástica/2001, EBA/UFMG), considero que meu percurso no caminho do barro se inicia/aprofunda a partir de 2017, quando comecei a oferecer cursos de modelagem em argila/cerâmica regularmente no Centro Cultural Venda Nova CCVN, espaço descentralizado da PBH, onde trabalhei por mais de dez anos. E um marco bem simbólico para mim foi conseguir promover a construção coletiva de um forno à lenha comunitário, em fevereiro de 2017, o primeiro forno do CCVN. Desde então, faz parte da minha pesquisa aprofundar o estudo dos fornos e queima à lenha; investigar as tecnologias dos povos originários e os saberes ancestrais das diversas culturas tradicionais deste território de Abya Yala. Na minha
trajetória pelas tramas do barro é importante salientar as diversas vivências e aprendizagens que pude absorver/compartilhar ao lado de muitas mestras e mestres, aos quais sou muito grata e que seguem me inspirando. Um dos meus maiores objetivos enquanto ceramista e artista/pesquisadora é promover/multiplicar os saberes tradicionais do barro a partir dos conhecimentos milenares sobre uma cerâmica acessível, decolonial e afro-indígena, e ainda, poder fomentar a autonomia, principalmente, feminina. Em suma, viver um caminho em busca da simplicidade, do tempo do barro, da espera, do fogo, das memórias ancestrais, dos saberes das comunidades tradicionais, das grandes mestras e mestres anônimos que deixaram suas marcas em peças que atravessam os tempos.